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O método RAIN - trabalhar com as dificuldades
Vítor Bertocchini

Vítor Bertocchini - Psicólogo, PhD.

A presença lúcida e aberta evocada nos passos R, A e I do RAIN leva à N: à liberdade da não-identificação, e à Consciência Natural ou Presença Natural. Esta ferramenta de mindfulness oferece suporte em situações de crise, trabalhando com emoções intensas e difíceis.




RAIN - 4 Etapas

Denominada de RAIN (um acrónimo para as quatro etapas do processo), pode ser praticado em qualquer lugar ou situação. Esta prática dirige a nossa atenção de uma forma clara e sistemática, ajudando a desligar a confusão e o stress. Os passos dão-nos um “refúgio” para onde podemos recorrer em momentos dolorosos, e à medida que os praticamos com mais regularidade reforçam a nossa capacidade de “voltar para casa”, para a nossa mais profunda verdade.


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Poderá experimentar uma meditação guiada com o método RAIN.
Esta prática faz parte do Curso de Mindfulness Curso de Introdução ao Mindfulness.



De seguida ficam os quatro passos de RAIN, apresentados na forma que os considero mais úteis:
  • R - Reconhecer o que está a acontecer;
  • A - Aceitar/Permitir que a sua experiência seja exactamente como é, com está a acontecer;
  • I - Investigar a experiência interior com bondade e curiosidade;
  • N - Não identificação.
As 4 etapas incluem...

Reconheça o que está a acontecer

O reconhecimento é ver o que é verdadeiro na sua vida interior. Inicia-se no momento que concentra a sua atenção em tudo o que surge aqui e agora, tal como pensamentos, emoções, sentimentos ou sensações. À medida que a sua atenção se instala e se abre vai descobrir que é mais fácil conectar-se com algumas partes da sua experiência do que com outras. Por exemplo, pode reconhecer a ansiedade imediatamente, mas se se concentrar nos seus pensamentos de preocupação pode não notar as sensações reais de aperto e de pressão que surgem no corpo. Por outro lado, se o seu corpo está num estado nervoso pode não reconhecer que esta resposta física está a ser desencadeada pela sua crença subjacente de que está prestes a falhar. Poderá despertar através de um reconhecimento, por simplesmente perguntar-se a si mesma/o: "O que está a acontecer dentro de mim agora?" Chame a sua curiosidade natural à medida que se foca internamente no seu corpo. Tente soltar-se de todas as ideias preconcebidas e cultive uma forma recetiva da sua mente, do seu corpo e do seu coração.

Permitir que a vida seja assim como é

Permitir significa aceitar os pensamentos, emoções, sentimentos ou sensações que vai descobrindo. Pode sentir uma sensação natural de aversão, de desejar que os sentimentos desagradáveis desapareçam, mas à medida que recetividade aumenta e está mais presente com/ao "o que é", começa a emergir uma qualidade diferente de atenção. Pode suportar a sua vontade de "aceitação" sussurrando mentalmente uma palavra ou frase. Por exemplo, pode sentir o aperto de medo e sussurrar "sim" ou experimentar o aparecimento de tristeza e sussurrar "sim". Pode usar as palavras "isto também" ou "eu consinto". No início pode sentir que apenas está a "confrontar-se" com as emoções ou sensações desagradáveis. Na realidade, temos que concordar uma e outra vez. No entanto, mesmo o primeiro gesto de permitir, simplesmente sussurrando uma frase como "sim" ou "aceito", começa a suavizar a dureza da sua dor. Ofereça a frase gentilmente e com paciência, e com tempo as suas defesas tendem a diminuir, e poderá sentir uma sensação física de cedência ou de abertura à experiência.

Investigar com Amabilidade e Curiosidade

Por vezes, simplesmente, trabalhar com as duas primeiras etapas de RAIN é suficiente para prestar socorro e reconectar-se com Presença. Noutros casos, no entanto, a simples intenção de permitir reconhecer não é suficiente. Por exemplo, se estiver num processo de divórcio, a ponto de perder o emprego pode ser facilmente dominado por emoções e pensamentos intensos. Em tais situações pode ser necessário “despertar” um pouco mais e fortalecer a consciência atenta com o passo I do RAIN. A Investigação significa chamar o seu interesse natural - o desejo de conhecer a verdade e dirigir uma atenção mais focada para a sua experiência presente. Basta fazer uma pausa para perguntar: "O que está acontecer dentro de mim"? Poderá iniciar o reconhecimento, mas com a investigação envolve-se num tipo mais activo de questionamento. Poderá perguntar-se: "O que requer mais atenção?" "Como estou a experimentar isto no meu corpo" ou "O que estou a acreditar?" ou "O que é que esta emoção quer de mim"? Poderá entrar em contacto com sensações de vazio e, em seguida, encontrar um sentimentos de indignidade e de vergonha enterrados nesses sentimentos. A menos que eles sejam trazidos à consciência, essas crenças e emoções vão controlar a sua experiência e perpetuar a sua identificação com um “Self” limitado e “deficiente”. Nesta etapa da investigação é natural que sinta alguns problemas. Por exemplo, é frequente sentirmos: "quando o medo surge, a minha investigação só me leva a pensar sobre o que está a causar isso e como posso sentir-me melhor"; "Eu não consigo ficar no meu corpo o tempo suficiente para investigar onde a emoção vive em mim". Para muitos a investigação desencadeia julgamento: "Eu sei que eu deveria estar a investigar essa vergonha, mas eu odeio isso ... e eu odeio-me por tê-la". Todas essas respostas reflectem a nossa resistência natural às sensações desconfortáveis e inseguras: os pensamentos são imensos , não permacemos enraizados no nosso corpo, julgamos o que está a acontecer. Para que o passo da investigação seja curador e libertador precisamos de nos aproximar da nossa experiência com uma qualidade íntima de atenção. Precisamos oferecer uma recetividade gentil para o que surge. É por isso que eu uso a frase "Investigar com amabilidade". Sem essa energia do coração a investigação não pode penetrar; não há segurança e abertura suficientes para o contato real. Imagine que o seu filho chega em casa em lágrimas depois de ter sido vítima de bullying na escola. Com o objetivo de descobrir o que aconteceu ao seu filho e como ele está a sentir-se tem que oferecer um tipo de atenção recetiva e gentil. Da mesma forma, Trazer essa mesma bondade para a sua vida interior permite que a investigação, e, finalmente, a cura sejam possíveis.

Não identificação; Descansando na sua Consciência Natural

A presença lúcida e aberta evocada nos passos R, A e I do RAIN leva à N: à liberdade da não identificação, e a realização da Consciência Natural ou da Presença Natural. A não identificação significa que quem você é não está confundido ou definido por qualquer conjunto limitado de emoções, sensações ou narrativas cognitivas. Quando a identificação com o ego é diminuida começamos a intuir e a viver a partir da abertura e do amor, que expressa a nossa Consciência Natural.

As três primeiras etapas do RAIN exigem alguma actividade intencional. Em contraste, o N de RAIN expressa o resultado: a realização libertadora da sua Consciência Natural. Não há nada a fazer nesta última parte do RAIN- a realização surge espontaneamente, por conta própria. Simplesmente descansamos na Consciência Natural.



RAIN descondiciona diretamente os padrões habituais através dos quais resistimos à nossa experiência, momento a momento. Não é importante resistir / lutar "com o que é/está", atacando com ira, fumar um cigarro ou ficandos imersos em pensamentos obsessivos. RAIN começa a desfazer esses padrões inconscientes assim que damos o primeiro passo.








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