1. Na prática de
Samatha, onde se procura focalizar a atenção num único objeto ou suporte. Por exemplo, a respiração, a chama de uma vela ou um mantra, embora qualquer suporte possa ser utilizado. É um aspeto do treino que leva à calma e à concentração.
Um dos objetos de focalização muito comum é a respiração. Durante a prática, quando a atenção começa a divagar é propositadamente trazida de volta para o objecto de foco, para o suporte. Com o tempo de prática, este
onepointedness ou a capacidade de concentração unifocada no objecto, sem distração, será cada vez maior. O progresso é feito quando o praticante torna-se menos vulnerável, quer às distracções exteriores, tais como sons, bem como às distracções interiores, incluindo pensamentos, emoções ou sensações.
2. Na prática de
Vipassana procura-se desenvolver 'sabedoria', o conhecer a verdadeira natureza dos fenómenos e por isso também se denomina de meditação de
insight. A sua ferramenta básica é a prática de mindfulness, que tem sido traduzida para o Português como “Atenção Plena”. Pode ser perspetivada como uma prática baseada na experiência do momento presente, numa atitude aberta, curiosa, não-julgadora e de aceitação. Então Vipassana é
insight, no sentido de uma visão profunda e é
mindfulness, no sentido de atenção extraordinária ancorada no momento presente.
Vipassana distingue-se de
Samatha uma vez que em
Vipassana o praticante concentra a sua consciência no momento presente, em vez de se concentrar num estímulo em particular. Não há rigidez da atenção num único estímulo. É, também, possível praticar mindfulness ao longo do dia, durante a execução das tarefas quotidianas, tais como comer, dirigir, lavar a louça, etc...
Pode-se ainda considerar uma terceira categoria:
3. Meditação na Compaixão e na Bondade
Embora algo distintas, estas formas de meditação podem ser consideradas da mesma 'família', cultivando atitudes e sentimentos de bondade ilimitados e de compaixão para com os outros, sejam eles parentes próximos, estranhos ou mesmo inimigos. Estas práticas implicam estar consciente das necessidades da outra pessoa e experimentar um desejo sincero e compassivo de ajudar essa pessoa e/ou aliviar o seu sofrimento. Gerar um estado compassivo envolve, por vezes, que o meditador sinta o que a outra pessoa está a sentir. Mas isto não é suficiente, a meditação deverá ser conduzida por um desejo não egoísta de de ajudar quem está em sofrimento.
Estas formas de meditação no
amor incondicional e na compaixão provaram ser mais do que apenas exercícios espirituais. Demonstrou-se já que possuem o potencial benéfico em Profissionais da área da saúde, professores e outras pessoas que correm o risco de esgotamento emocional (burnout).
O praticante começa por focar um sentimento incondicional de benevolência e de amor pelos outros e por si próprio, acompanhado pela repetição silenciosa de uma frase que transmite a intenção, como por exemplo: "Que todos os seres encontrem a felicidade e as causas da felicidade e que sejam livres de sofrimento e das causas do sofrimento".
Estes tipos de meditação são fundamentais para o budismo, e são cada vez mais praticados regularmente.
Resumindo
Atenção Focada / Samatha e
Monitorização Aberta / Vipassana são 'faces da mesma moeda'.
AF/Samatha dirige o poder da concentração. A concentração fornece a base através da qual
MA/Vipassana pode penetrar num nível mais profundo da mente. Estas duas formas de meditação devem ser cultivadas em conjunto numa proporção equilibrada. Demasiada consciência sem calma para equilibrá-la irá resultar num estado fortemente sensibilizado. Muita concentração sem uma relação de equilíbrio de consciência poderá resultar em demasiado torpor ou sedação. Ambos devem ser evitados.
A
meditação Samatha tem o potencial de levar ao evitamento, pois geralmente procura estados elevados de concentração que são impossíveis quando o foco é a realidade última. O ponto é que só se pode entender a realidade se a considerar como foco; se você não conseguir chegar a um acordo com a realidade, preferirá evitá-la porque é desconfortável, preferindo uma ilusão única, estável, satisfatória e controlável à dura realidade do universo. Essa é uma diferença potencial entre os dois tipos de meditação.
Além da diferença no objeto de meditação, a meditação MA / Vispassana também obviamente terá resultados diferentes- será menos tranquila como um todo, pois iremos experimentar todos os problemas inerentes à realidade, especificamente que ela é impermanente, insatisfatória e incontrolável.
Finalmente, de acordo com a tradição contemplativa budista a meditação na
Compaixão e Bondade/Amor Ilimitados não conduz à angústia e/ou ao desânimo, mas reforçam um equilíbrio interior, uma resiliência mental, e cultivam uma corajosa determinação para desejar o bem a tudo e a todos e a ajudar genuinamente aqueles que sofrem, incluindo a nós próprios.